I - ATIVIDADES QUE AGLUTINAM OS MEMBROS DOS GRUPOS
- A associação a um grupo é mais vantajosa do que a atuação do produtor individual no mercado? Para demonstrar as vantagens do trabalho em grupo, vale a pena estimar a redução das perdas físicas de produto, os preços menores recebidos pelos produtores, a renda menor devido à exploração dos pequenos produtores etc.
- Por exemplo, as perdas físicas podem somar X% (25%) do valor do produto. Os insumos comprados individualmente custam Y% (25%) a mais do que coletivamente. No caso do leite, as economias de "retenção" foram de 10% no transporte, 10% no volume maior (2.500 litros vendidos em conjunto - o que comanda um preço maior), 10% a mais de preço pelo controle de qualidade com o resfriador comunitário.
- Há vantagens na compra de insumos?
- Há vantagens na compra de produtos de consumo? Um supermercadinho combinado com o ônibus escolar. Os pais encomendam produtos e o supermercadinho os entrega em pacotes aos filhos no ônibus escolar;
- Projeto técnico "vendedor" que gere renda suficiente para convencer os membros a participarem do "negócio".
II - RISCOS DE DESAGREGAÇÃO E ROMPIMENTO DOS GRUPOS
Há vários riscos graves a serem observados:
- Deficiências de formação doutrinária ou de capacitação para a vida em comunidade;
- A presença do "carona", ou seja, do membro que se beneficia da ação coletiva sem contribuir para o grupo, que sempre é "muito intensivo em atividades comunitárias";
- Defecção de membros;
- Inexistência de um mecanismo de mediação entre os membros, no caso de litígio, disputas, controvérsias etc.;
- Grande demora na implantação do grupo devido a fatores críticos ligados ao período de tempo necessário para os seguintes componentes:
Diagnóstico
técnico
Consultoria
técnica
Elaboração
do projeto técnico
Liberação do
crédito
Outros Pontos:
- Falta de assistência técnica. É pequeno; logo, não atrai assistência técnica. Não tem assistência técnica; logo, é pequeno. É preciso recompensar os técnicos por resultados financeiro alcançados. Também pode haver participação nos resultados.
- Convívio é problema. Sempre há potencial para conflito.
- Dificuldades com "sócios". É difícil convencê-los de que a "empresa" é deles.
- "Furar" o esquema de comercialização. Acontece muito. O comprometimento com a estratégia do lucro é indispensável.
- Garantia de crédito solidário. Muito difícil entre pequenos.
- Inexistência de um Fundo garantido.
III - MATURIDADE E SUSTENTABILIDADE DO GRUPO
É fundamental que a Entidade Executora mobilize a
comunidade, com base na liberdade de participação, para que ela assuma o
projeto e se responsabilize por seus resultados. A mobilização vai propiciar
condições para o real entendimento, o envolvimento e o fortalecimento da
vontade de realizar.
Portanto, deve ser criado concomitantemente um programa de
mobilização social no projeto piloto, a ser implementado pela Entidade
Executora com orientação especializada.
É diferente, no entanto, quando se trabalha com comunidades
onde já existe uma tradição de trabalho produtivo conjunto ou até mesmo de luta
política. No caso de comunidades desarticuladas, é necessário instituir um
programa de capacitação de lideranças sociais, a ser conduzido pela Entidade
Executora local. Para potencializar os resultados de um trabalho local é
preciso haver confiança recíproca. Esse programa de capacitação de lideranças
sociais permitiria aos líderes locais pôr em prática o conteúdo do Manual.
Também devem estar previstas ações sócio-educativas
complementares ao Programa. Elas deverão ser preferencialmente executadas pelas
Instituições de Apoio e constar dos planos de desenvolvimento dos CMDRs:
- Realização de cursos de alimentação alternativa com receitas baratas e nutritivas, informando sobre o valor dos alimentos;
- Incentivo ao cultivo de plantas medicinais para fabricação de remédios caseiros;
- Criação de espaço e ambientes para lazer, confraternização e recreação de todas as famílias contempladas;
- Reuniões com a participação de profissionais de saúde, como médicos e odontólogos, para prevenir e informar sobre ações básicas de saúde;
- Convite a profissionais de diferentes áreas de formação, tais como pedagogos, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, advogados, engenheiros agrônomos, técnicos agrícolas e outros, para ministrar palestras ou desenvolver outras atividades que venham atender ao interesse da população usuária.
IV - META FINAL: CONSOLIDAÇÃO DO GRUPO
Sem uma visão clara de como e quando deverá se processar a
consolidação do consórcio ou condomínio, independentemente da Entidade
Executora, não vale a pena iniciar o trabalho no grupo. A sobrevivência do
grupo dependerá fundamentalmente de sua capacidade de consolidar-se gerencial e
economicamente, bem como em termos de relações sociais, comunitárias e
societárias.
Há no Brasil inúmeros casos de organizações similares que
nasceram espontaneamente em torno de um negócio e logo se consolidaram. Outras
resultaram do trabalho comunitário. Vale a pena mostrar as razões do sucesso
dessas organizações:
- Organização em torno de um negócio voltado para o mercado;
- Adoção de sistemas produtivos (paradigmas) de comprovada eficiência, porquanto utilizam a melhor tecnologia disponível para a escala de negócio;
- Processo inovador na descoberta de oportunidades de vendas e lucratividade (queijos, galinha caipira, casa de mel etc.);
- Assistência técnica comprometida com resultados e engajada no grupo.